A aférese terapêutica, capaz de filtrar do sangue partículas de até 200 nanómetros — tamanho 5 mil vezes menor que 1 milímetro —, pode ser uma forma de remover microplásticos do organismo, sugere um estudo publicado no periódico Brain Medicine .

A hipótese foi levantada por pesquisadores da Technische Universität Dresden, na Alemanha. Diante de um grupo de pacientes diagnosticados com encefalomielite miálgica (ou síndrome da fadiga crónica), cujo tratamento inclui a aférese, os autores utilizaram a espectroscopia de infravermelho por refletância total atenuada com transformada de Fourier (ATR-FT-IR) em busca de indícios de plástico no eluato. As análises revelaram a presença de compostos com características semelhantes à poliamida e ao poliuretano, dois materiais amplamente utilizados na indústria plástica.

É importante frisar que o estudo não mediu a quantidade total de microplásticos removida nem comparou os níveis nos pacientes antes e depois da aférese. Por ora, o que se demonstrou foi a presença dessas substâncias no resíduo descartado pelo aparelho utilizado, o que sugere — mas ainda não comprova — uma remoção efetiva dos microplásticos do corpo humano.

Além disso, os autores alertam para o facto de que os materiais obtidos podem apontar para ligações químicas comuns também a proteínas, por isso são necessárias análises complementares para confirmar a natureza das partículas removidas. Ainda assim, os resultados animam especialistas que procuram soluções para lidar com a crescente carga de microplásticos acumulados no organismo humano.

Os autores recomendam a realização de estudos com grupos maiores e com análises quantitativas comparando os níveis de microplásticos no sangue antes e depois dos procedimentos. “Essa abordagem pode ser fundamental não apenas para validar a técnica como tratamento, mas para entender se há relação entre a remoção de partículas plásticas e a melhoria clínica de sintomas crónicos, como a fadiga”, concluem.

in Medscape em 26/06/2025.


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