O trabalho realizado por Marfella et al. (2024), intitulado Microplastics and Nanoplastics in Atheromas and Cardiovascular Events, publicado no The New England Journal of Medicine foi desenvolvido através de um estudo prospetivo, multicêntrico e observacional envolvendo doentes submetidos a endarterectomia carotídea por doença arterial carótida assintomática. Os espécimes de placa carotídea excisada foram analisados com vista ao estudo da presença de micro e nanoplásticos (MNPs). O desfecho primário foi uma combinação de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte por qualquer causa entre os doentes com evidência de MNPs na placa, em comparação com os doentes com placa sem evidência de MNPs.
Foram incluídos no estudo 304 doentes e 257 completaram um seguimento médio (±DP) de 33,7 ± 6,9 meses. O polietileno (PE) foi detectado em placas da artéria carótida de 150 doentes (58,4%), com um nível médio de 21,7 ± 24,5 μg por miligrama de placa; 31 doentes (12,1%) apresentaram também quantidades mensuráveis de policloreto de vinilo (PVC), com um nível médio de 5,2 ± 2,4 μg por miligrama de placa. A microscopia electrónica revelou partículas estranhas visíveis, com bordos irregulares, entre os macrófagos da placa e dispersas nos detritos externos. O exame radiográfico mostrou que algumas destas partículas incluíam cloro. Os doentes em que foram detetados MNPs dentro do ateroma apresentaram um maior risco de um evento de desfecho primário do que aqueles em que estas substâncias não foram detetadas.
Os investigadores concluíram que os doentes com placa da artéria carótida na qual foram detetados MNPs apresentaram um maior risco de enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte por qualquer causa em 34 meses de seguimento do que aqueles nos quais não foram detetados MNPs.
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